quinta-feira, novembro 21, 2024

Venezuelanos na Argentina se mobilizarão para pressionar Lula a condenar o regime de Maduro

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A Venezuela atravessa um momento de incerteza institucional e tensão política. A pressão internacional ainda não conseguiu quebrar a vontade de Nicolás Maduro, o líder chavista que em 28 de julho se autoproclamou vencedor das eleições presidenciais sem apresentar os registos oficiais da votação.

Neste contexto, Edmundo González Urrutia, antigo candidato à presidência da oposição, teve de exilar-se no domingo para Madrid. “Tomei esta decisão pensando na Venezuela e que o nosso destino como país não deve ser o de um conflito de dor e sofrimento”, explicou em comunicado o diplomata ligado à Venezuela. Maria Corina Machadoemblema da oposição.

Ao mesmo tempo, o regime de Maduro realizou no fim de semana um cerco à embaixada argentina em Caracas, que desde agosto estava deixada sob a proteção do Brasil.

Seis dirigentes do espaço de Corina Machado residem ali desde março, como requerentes de asilo. O chavismo pressionou o Planalto para que seus representantes deixassem a sede diplomática que têm sob custódia. A operação não teve sucesso e o assédio foi amenizado quando se soube que González Urrutia havia desembarcado em Madrid.

O cerco de Maduro à embaixada argentina começou com a decisão de revogar a “aprovação” concedida a Brasília para representar os interesses da Argentina e de seus nacionais em território venezuelano.

O Brasil confiou na Convenção de Viena e rejeitou essa exigência. O Itamaraty, por meio de Diana Mondino e sua equipe, articulou a comunicação com o Itamaraty para garantir o atendimento da sede diplomática nacional na capital venezuelana.

Lula e Maduro, ainda aliados?

Lula, que já foi um forte aliado de Maduro, distanciou-se do regime nas últimas semanas. Contudo, a comunidade internacional pressiona o líder petista para que adote uma posição de condenação ao ditador bolivariano. O Brasil é a hegemonia regional e sua posição pode quebrar a vontade de Caracas.

Neste quadro, A comunidade venezuelana na Argentina organizou uma marcha esta semana em frente à Embaixada do Brasil em Buenos Aires. Será quarta-feira, às 9h. Além da CABA, também se mobilizarão em Córdoba e Mendoza. Nesse mesmo dia haverá comícios nas embaixadas e consulados brasileiros em todo o mundo.

“Lula Intercede pela Venezuela”, é o título do folheto da convocatória. “O Brasil deve mostrar solidariedade contra os abusos do regime de Maduro. A equipe de Comando com Vzla -por Corina Machado- na Argentina apresentará um requerimento à Embaixada do Brasil e a diversos consulados para solicitar ao governo Lula que se posicione a favor da democracia na Venezuela”, exige o mesmo texto.

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Enquanto isso, o Itamaraty avança no Consenso de Brasília, espaço que reúne todos os países da América do Sul, para promover uma “cláusula democrática” com o objetivo de expulsar o regime de Maduro desse espaço. Essa proposta será discutida na próxima reunião do Consenso Brasil, que será no dia 20 de setembro (ou antes). O Infobae acessou o texto elaborado pelo Itamaraty para forçar a expulsão da Venezuela.

A medida implica uma espécie de emboscada contra Caracas.

A questão é que se a Venezuela se opuser à cláusula democrática, será uma forma implícita de aceitar a fraude. “A proposta que fazemos é um beco sem saída”, explicou ao Infobae um diplomata com escritório no Palácio de San Martín. O Governo conta com o apoio do Paraguai, Uruguai, Chile e Peru.

Enquanto isso, o Brasil agradeceu a proposta e respondeu que “vai estudá-la”. Não está descartado que após os acontecimentos do fim de semana o Itamaraty dê um passo para exercer mais pressão sobre Maduro. Entretanto, há dúvidas sobre qual a posição que a Bolívia assumirá a este respeito.

Ao mesmo tempo, Mondino desenha uma ofensiva diplomática contra a Venezuela no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que terá lugar no final do mês em Nova Iorque, e de onde Javier Milei deverá falar. Procurarão reforçar a condenação contra Maduro e exigirão a expulsão do regime de todos os fóruns relevantes do sistema internacional.

Neste contexto, o Governo monitoriza permanentemente a situação da Embaixada da Argentina em Caracas. O principal objetivo é que a Venezuela conceda passagem segura para retirar os seis requerentes de asilo. Segundo apurou este meio de comunicação, os militantes estão bem, com os suprimentos necessários para o dia a dia. Eles residem desde março na sede diplomática argentina, no bairro La Mercedes, na capital venezuelana.

Os líderes da oposição requerentes de asilo são Pedro Urruchurtu Noselli, Humberto Villalobos, Claudia Macero, Omar González, Fernando Martínez e Mottola Magali Meda. São pessoas ligadas à equipa de campanha dos principais opositores de Maduro, Maria Corina Machado e Edmundo González Urrutia.

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