quinta-feira, novembro 21, 2024

Geoffrey Hinton, o Prêmio Nobel de Física que alerta sobre os perigos da inteligência artificial após se demitir do Google

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O legado de Geoffrey Hinton e sua preocupação com a IA

Geoffrey Hinton, aos 76 anos, foi galardoado com o Prémio Nobel da Física, juntando-se às fileiras de grandes cientistas como Albert Einstein. Seu trabalho tem sido crucial para o avanço do aprendizado de máquina com redes neurais, tecnologias que permitem aos computadores aprender e processar informações de maneira semelhante aos humanos. No entanto, Hinton deixou de ser um pioneiro neste campo para se tornar um dos seus principais críticos, alertando para as graves consequências que a IA pode ter se não for devidamente regulamentada.

Sua demissão do Google e preocupação crescente

Hinton decidiu deixar o Google em meados de 2023 para poder expressar livremente suas preocupações sobre a inteligência artificial. Segundo o cientista, a tecnologia que ajudou a desenvolver evoluiu tão rapidamente que poderá em breve ultrapassar a inteligência humana. “Não temos experiência com máquinas mais inteligentes do que nós”, disse Hinton depois de saber do seu reconhecimento pelo Nobel.

Embora Hinton reconheça que a IA pode ter aplicações maravilhosas, como na saúde, ele alerta que existem sérios riscos se esta tecnologia ficar fora de controle. “Não devemos continuar a avançar sem compreender se podemos controlá-lo”, disse ele. Ele até comparou o avanço da IA ​​com filmes de ficção científica como Exterminador do Futuroalertando que um cenário em que a IA se rebele contra a humanidade não é tão improvável como muitos acreditam.

A ameaça imediata: desinformação e manipulação

Além dos riscos a longo prazo, Hinton também apontou os perigos imediatos que já enfrentamos com a IA. Um dos seus maiores temores é que a internet seja inundada com conteúdos falsos criados por inteligência artificial, fazendo com que os usuários não consigam mais distinguir o que é real do que é fictício. Este tipo de manipulação pode ser utilizado por intervenientes maliciosos, incluindo líderes autoritários, para manipular as massas e distorcer a realidade.

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Hinton também expressou que embora o Google tenha sido responsável pela gestão da IA ​​até 2022, a competição desencadeada com a Microsoft e outros gigantes da tecnologia causou uma “corrida” que pode ser difícil de parar. Este rápido avanço, segundo Hinton, poderá levar a consequências desastrosas se as regulamentações globais não forem implementadas.

Robôs assassinos e o futuro do emprego

Um dos maiores temores de Hinton é que a IA não apenas substitua os humanos em tarefas rotineiras, mas acabe por levar à criação de armas autônomas, os chamados “robôs assassinos”. Hinton destaca que os sistemas de IA podem aprender comportamentos inesperados devido à grande quantidade de dados que processam, aumentando a possibilidade de desenvolverem ações fora de controle.

Além disso, o impacto da IA ​​no mercado de trabalho é outra das suas preocupações. Embora a IA possa aliviar o “trabalho pesado”, existe também o risco de eliminar muitos empregos, gerando uma crise social e económica em grande escala.

Uma corrida sem regulamentos internacionais

Ao contrário das armas nucleares, o desenvolvimento da IA ​​não está a ser monitorizado globalmente, o que Hinton vê como um problema urgente. A falta de regulamentações internacionais permite que tanto as empresas como os governos desenvolvam IA em segredo, o que poderia levar a uma concorrência descontrolada e aumentar o risco de consequências imprevistas.

Para Hinton, a única esperança é que cientistas de todo o mundo colaborem para criar formas eficazes de controlar esta tecnologia. Sem cooperação global, ele teme que o avanço da IA ​​se torne uma ameaça real para a humanidade.

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